Faleceu nesta segunda-feira (17/2) o tenente-coronel Carlos Miranda, conhecido como O Vigilante Rodoviário, um dos primeiros super-heróis brasileiros em live-action da televisão. O ator e policial rodoviário faleceu no interior de São Paulo aos 91 anos.
As primeiras encarnações de super-heróis em live-action foram em pequenas histórias exibidas nas matinês de cinema dos Estados Unidos na década de 1930. Com o advento da televisão, os heróis também pularam para as telinhas e começaram a ganhar cada vez mais espaço durante a década de 1950, refletindo a popularidade das histórias em quadrinhos e a cultura da época.
Nos anos 1940, com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, muitos super-heróis foram utilizados como símbolos de esperança e resistência, e isso se refletiu em produções que buscavam entreter e inspirar o público. Séries como The Adventures of Superman, que estreou em 1952, ajudaram a solidificar a imagem do super-herói na cultura popular, apresentando um personagem que se tornaria um ícone duradouro.
Este movimento influenciou o resto do mundo, pois na década de 1950 muitos países começaram a investir na televisão, como o Brasil e o Japão. Com o tempo, ambos os países também tiveram seus próprios heróis na televisão.
No Japão, com influencias de Superman e Batman, por exemplo, surgiram Gekko Kamen (1958), que foi o primeiro super-herói em live-action da televisão japonesa. Na sequência, vieram outros como Nanairo Kamen (1959) e National Kid (1960), este último exibido no Brasil.
Já no Brasil, o primeiro super-herói live-action da televisão brasileira foi o Capitão 7, na TV Record de São Paulo, seguindo as mesmas influências das produções americanas, outro exemplo foi O Falcão Negro, série influenciado por Zorro, na TV Tupi. Em 1960, foi a vez de chegarem as aventuras do Vigilante Rodoviário, nas quais o Inspetor Carlos e seu fiel escudeiro, o simpático cão Lobo, lutavam contra o crime patrulhando as estradas brasileiras a bordo de um Simca Chambord ou de uma possante motocicleta Harley Davidson. A produção foi exibida ao longo década de 1960 pela TV Tupi de São Paulo e outras emissoras dos Diários Associados pelo Brasil.
O Vigilante Rodoviário marcou época e teve o lançamento histórias em quadrinhos e brinquedos aqui no Brasil. Infelizmente, nosso país não possui a cultura de cultuar seus super-heróis, mas o Inspetor Carlos estará eternizado nos corações de quem acompanhou suas aventuras e dos entusiastas da televisão brasileira e dos super-heróis.
Tokusatsu significa “filmagem com efeitos especiais” e é o termo japonês usado para descrever um gênero de filmes e programas de TV live-action que fazem amplo uso de efeitos especiais práticos no Japão, popularizados a partir dos anos 1960.
Existem produções pelo mundo que foram criadas baseadas nestas produções japonesas e existem as que apenas possuem semelhanças. Os primeiros super-heróis live-action brasileiros da televisão brasileira, como O Vigilante Rodoviário, possuem semelhanças com os primeiros super-heróis live-action japoneses da televisão, que foram lançados em uma época que tokusatsu ainda não era popularizado para este tipo de série no Japão.
Muitos programas nacionais de televisão nos fazem lembrar e criar conexões com tokusatsu. O Vigilante Rodoviário é um deles, por ser um sucesso exibido por aqui na mesma época que National Kid, e por esta proximidade com o começo dos heróis japoneses que também cultuamos.
Desejamos nossos sentimentos a todos os amigos, fãs e familiares do tenente-coronel Carlos Miranda, nosso eterno Vigilante Rodoviário.
