O episódio começa com Baku Yorozu em mais um sonho. Desta vez, sua missão é “parar o bombardeiro”, mas, ao invés de caçá-lo, ele é o alvo da polícia. Durante a fuga, encontra Nem, que desta vez não é a “donzela em perigo”, mas sim uma policial que chega até a algemá-lo. No entanto, um Nightmare aparece e destrói sua viatura, forçando Baku a lutar — mas ele só consegue se transformar após se livrar das algemas.
No combate, o Nightmare assume um carro de polícia e provoca explosões em série, fazendo com que o detetive Tetsuya Fujimi acuse Baku de ser o responsável. Ele acorda em dúvida sobre a natureza de seus sonhos e começa a suspeitar que pode se transformar também no mundo real.
Enquanto isso, Fujimi e sua parceira Nasuka Nagumo discutem sobre a existência dos Nightmares. Ele acredita firmemente que se tratam de casos especiais, enquanto ela encara como lendas urbanas. Ainda assim, acabam cruzando o caminho de Baku, que revela suas experiências recentes.


Na sede da organização secreta C.O.D.E., Baku (que a acessou acordado) descobre mais sobre sua missão através de Zero, que se manifesta transformado em um robô que é a própria moto do herói. Ele é apresentado ao arsenal de Capsems, obtidos por máquinas de gashapon, e compreende a função da equipe: impedir que pesadelos passem para o mundo real, aprisionando as pessoas em sono eterno.
A revelação mais importante vem quando Baku percebe que o pesadelo do bombardeio não era seu, mas sim de Tetsuya Fujimi. Ou seja, ele tem a capacidade de infiltrar-se nos sonhos de outras pessoas e enfrentar os Nightmares que se alimentam dos desejos reprimidos de seus hospedeiros.
Este segundo episódio se destaca por consolidar as regras do universo de Kamen Rider Zeztz e ampliar a mitologia apresentada na estreia. Ao invés de apostar apenas em ação desenfreada, o roteiro dá espaço para desenvolver o funcionamento dos sonhos, os personagens secundários e, principalmente, a relação entre inconsciente e realidade.


Um detalhe criativo e simbólico é o cabide com “Zzz” no armário de Baku, que funciona como portal para a sede da C.O.D.E. — um recurso simples, mas muito significativo, já que o “Zzz” é universalmente associado ao ato de dormir, conectado diretamente ao nome do personagem. Pequenos toques como esse ajudam a reforçar a atmosfera onírica da série.
Outro ponto forte é a introdução da máquina de gashapon na base, responsável por gerar novos itens. Além de servir como justificativa narrativa para upgrades e armas, é um aceno direto ao merchandising, algo já tradicional na franquia Kamen Rider, mas aqui apresentado de forma criativa e integrada ao enredo.
Do lado psicológico, o episódio ganha peso ao mostrar que os pesadelos são manifestações de desejos inconscientes. Quando o vilão Nox afirma que “os sonhos são reflexo dos desejos não realizados”, a série se aproxima da psicanálise freudiana (que remete Sigmund Freud ou à sua teoria da psicanálise), que explica como frustrações e conflitos reprimidos podem retornar sob forma de sonhos ou sintomas. O caso de Fujimi — cujo desejo inconsciente de explodir a delegacia gera um Nightmare — é um exemplo direto dessa conexão.



Visualmente, o episódio entrega o que os fãs mais esperam: ótimas cenas de ação e a sempre bem-vinda presença da moto do Rider, elemento que emociona qualquer fã da franquia. Os novos Capsems garantem variedade nas batalhas e já deixam claro que a série vai explorar upgrades constantemente.
No geral, este segundo episódio equilibra muito bem humor, ação e mistério, mas o que mais chama atenção é como Zeztz não se contenta em ser apenas uma série de ação. Ele trabalha com simbolismos, com o peso dos desejos inconscientes e com a ideia de que os monstros que enfrentamos podem nascer de dentro de nós mesmos.
É um capítulo que prepara terreno para tramas mais densas e, ao mesmo tempo, entrega diversão e criatividade em cada detalhe.
Considerações: O termo “inconsciente” refere-se à parte da mente que não podemos acessar, contendo memórias reprimidas, desejos e emoções. Já “subconsciente” é o estado entre a consciência e o inconsciente, contendo informações que não estão em nosso foco imediato, mas podem ser trazidas à tona com esforço, como lembranças ou conhecimentos automáticos. Embora “subconsciente” seja um termo popular, a psicologia moderna prefere “inconsciente” por sua precisão, especialmente em abordagens psicanalíticas como a de Freud.
Nota: 9/10
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