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Review: ‘Ultraman Omega’ entrega empatia e contexto no episódio 20

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Quando a vida parece pequena demais para ser notada, é aí que descobrimos o tamanho do que ignoramos.

O episódio Beyond Time nasce de algo tão simples quanto uma ratoeira, um objeto banal, quase invisível na vida humana, e o transforma no eixo moral de uma narrativa sobre empatia, cuidado e responsabilidade. O episódio começa explorando o contraste entre duas sensibilidades: Kosei, habituado a soluções pragmáticas, instala uma ratoeira; Sorato, incomodado, questiona o método. É uma abertura delicada, mas que já anuncia o tema central: como tratamos aquilo que consideramos incômodo revela quem somos.

É esse mesmo debate ético que se reflete na missão da equipe ao investigar um kaiju surgido repentinamente, cercado de anomalias que sugerem até mesmo deslocamento temporal. A partir daí, o episódio se equilibra entre leveza, investigação e uma mensagem ambiental já característica da série. Assim como um rato é facilmente classificado como praga, o kaiju inicialmente é tratado como uma ameaça. Mas, conforme a equipe se aproxima dele, o roteiro promove uma virada sensível: o monstro é apresentado como um ser desorientado, assustado e, acima de tudo, vulnerável.

É nesse processo de “humanização” que Beyond Time encontra seu brilho. O humor funciona como respiro, e o nome “Chronoceros“, dado por Sayuki, fortalece o afeto que nasce na relação entre equipe e kaiju. Quando descobrimos que o pequeno ser está ferido por um mecanismo semelhante a uma ratoeira, a metáfora se fecha: o ciclo de violência que naturalizamos retorna para nos confrontar. A direção capricha no momento em que o trio principal tenta salvar o kaiju; é breve, mas poderoso, mostrando o valor que a série dá à vida em todas as formas.

A ida de Sorato e Kosei ao futuro adiciona escopo e contexto, ampliando o comentário social sobre o destino que a humanidade constrói ao tratar kaijus como inimigos absolutos. Ainda que essa parte pareça funcionar mais como um complemento necessário do que como o coração da narrativa, ela estabelece possibilidades interessantes para episódios futuros, especialmente em relação ao antagonismo que se insinua.

A técnica recém-aprendida por Ultraman Omega traz um toque de evolução para o herói, e as cenas de ação, mesmo sem exageros, são visualmente memoráveis. Há quadros que facilmente poderiam ser pôsteres pela composição e energia. Ao retornar ao cotidiano, Sorato encontra uma solução mais compassiva para afastar os ratos, um gesto pequeno, mas significativo, representando seu próprio amadurecimento.

Beyond Time é um episódio introspectivo, ambiental e profundamente humano. Suas metáforas são claras, mas nunca didáticas; sua sensibilidade, sincera. Fala sobre cuidado, sobre como ignoramos vidas que não compreendemos e sobre como nossas escolhas podem moldar tanto o presente quanto o futuro. E, ao finalizar com uma conversa sobre a possibilidade de mudar o destino, o episódio abre espaço para algo maior, talvez um arco mais amplo, talvez um aviso. Só resta esperar pelos próximos passos.

Um capítulo sensível e cheio de propósito.

Ultraman Omega é exibido toda sexta-feira às 21:00 horas (BR) no Canal da Tsuburaya no YouTube, com legendas em português.

Nota: 9/10

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