Vivemos um tempo em que tudo pode ser publicado, comentado e compartilhado em segundos. Nesse ambiente acelerado, tornou-se comum confundir opinião com informação, e é justamente aí que começa um dos maiores desafios da comunicação moderna. A opinião é a voz pessoal de quem observa; a informação é o registro factual daquilo que realmente aconteceu. Ambas têm valor, mas perdem sentido quando são tratadas como sinônimos.
Opinar é expressar uma visão subjetiva, muitas vezes movida por emoção, crença ou experiência própria. Informar, por outro lado, exige apuração, responsabilidade e compromisso com a verdade. O problema surge quando opiniões são apresentadas como se fossem dados verificados, ou quando a informação é distorcida para reforçar uma opinião. É nesse ponto que a credibilidade se perde e com ela, o propósito de informar.

Hoje, qualquer pessoa pode criar um canal, blog, site ou perfil e se tornar uma fonte de conteúdo. Isso é ótimo, mas também perigoso quando o que se publica não passa por checagem, pesquisa ou reflexão. As redes sociais e as inteligências artificiais ampliaram o acesso, mas também facilitaram a reprodução de textos, sem o cuidado de contextualizar ou citar corretamente suas origens. A pressa de “publicar primeiro” muitas vezes vence a responsabilidade de publicar bem.
Buscar notícias e informações é um trabalho de bastidor, paciente e, às vezes, ingrato. Requer verificar fatos, confrontar versões e valorizar quem já pesquisou antes. É frustrante perceber quando o esforço de um veículo sério é reduzido a um texto copiado e reescrito automaticamente, sem crédito ou reconhecimento. Informar é diferente de repetir, e informar bem exige ética, tempo e respeito pelo trabalho alheio.

Nós, com mais de duas décadas dedicados a entreter e informar sobre o universo tokusatsu, aprendemos (e também cometemos falhas ao longo deste percurso, pois vivemos em um eterno aprendizado) que o conteúdo de qualidade nasce do respeito às fontes e da vontade de contribuir. O gênero que amamos, feito para inspirar valores como coragem, amizade e justiça, também nos ensina a preservar esses mesmos valores na forma como escrevemos e compartilhamos o que sabemos.
É fácil encontrar informações hoje, mas é igualmente fácil identificar quando um texto foi apenas “gerado” por conveniência e quando ele foi realmente construído com pesquisa e intenção. A diferença está no propósito: quem busca apenas visibilidade copia, e quem busca informar de verdade, investiga.

Por isso, antes de consumir, compartilhar ou produzir conteúdo, vale uma reflexão: qual é a proposta do site, canal, revista ou perfil que estou acompanhando? Ele quer apenas opinar ou realmente informar? Ele respeita as fontes ou se apropria delas? Entender essa diferença é o primeiro passo para fortalecer um ambiente digital mais ético, transparente e digno de quem ama comunicar e aprender.
Quando não distinguimos opinião de informação, corremos o risco de não apenas confundir o leitor, mas também de reproduzir conteúdos sem o devido cuidado, ou pior, sem reconhecer quem realmente pesquisou e apurou. A falta de responsabilidade ao informar anda lado a lado com o descuido de não citar fontes: ambos distorcem a verdade e fragilizam a credibilidade de quem comunica. Informar, afinal, não é apenas dizer algo; é construir conhecimento coletivo com ética, respeito e transparência.
O texto nesta coluna é de responsabilidade de seu autor.
Sobre o autor: Giuzão Chagas é fã de tokusatsu desde que se entende por gente, é criador de conteúdo, administrador geral e um dos fundadores do Tokusatsu.com.br. Há mais de 20 anos dedica-se à divulgação do gênero, atuando em fóruns de discussão, espaços em eventos, podcasts, revistas e diversas outras iniciativas.
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