Faleceu neste domingo (23) a atriz e dubladora Denise Simonetto, aos 70 anos. A artista enfrentava uma doença há algum tempo, e sua situação mobilizou a comunidade de dublagem e grupos de fãs de tokusatsu, que organizaram recentemente uma vaquinha solidária para ajudar em seu tratamento.
Denise iniciou sua carreira no fim dos anos 1970, na Peri Filmes (RJ), após passar por uma seleção para novos dubladores. Voltou a São Paulo em 1982 e, incentivada pelo colega Waldir de Oliveira, retomou a dublagem, área que abraçaria até o fim da vida, acumulando também uma respeitada trajetória como diretora.
Durante os anos 1980, Denise chegou aos lares brasileiros como parte decisiva da era de ouro do tokusatsu na TV aberta. Inicialmente no SBT, dublou a protagonista Favo de Mel no animê Honey Honey. Pouco depois, já na Álamo, sua voz ganharia reconhecimento ao entrar no universo de O Fantástico Jaspion (巨獣特捜ジャスピオン, 1985), onde interpretou Anri nos primeiros 16 episódios da série, papel que marcou sua ligação definitiva com o gênero.
Ainda no período, contribuiu com diversas pontas em Esquadrão Relâmpago Changeman, ampliando sua presença nas produções da Toei exibidas no Brasil. No fim da década, Denise ficou eternizada para toda uma geração como Punky, a Levada da Breca, uma de suas personagens mais queridas.
Nos anos 1990, na BKS, Denise deu vida a um de seus trabalhos mais lembrados pelos fãs brasileiros de tokusatsu: Tomoko, de Cybercop, Os Policiais do Futuro (電脳警察サイバーコップ, 1988). Além de interpretar a personagem, Denise dirigiu a dublagem da série, reforçando sua importância histórica para a obra.
Na mesma década, atuou em grandes animês que acompanhavam a explosão do gênero no Brasil: foi Natássia em Os Cavaleiros do Zodíaco, e Cammy em Street Fighter II-V, repetindo o papel também na adaptação americana.
O dublador Glauco Marques, profundamente próximo de Denise, publicou um relato emocionado, onde destacou o impacto transformador que ela teve em sua vida profissional e pessoal:
“Ela me destruiu pra me reconstruir! Literalmente me detonar por acreditar em mim. (…) Dê, torço pra que um dia eu ainda possa te ouvir de frente e apanhar um pouco mais! Até um dia!”
Denise Simonetto deixa um legado imenso para o público brasileiro, especialmente para os fãs de Jaspion, Cybercop e das séries japonesas que marcaram gerações. Sua voz acolhedora, firme e inesquecível, seguirá ecoando por décadas no imaginário dos amantes do tokusatsu e da dublagem nacional.
Fonte: Glauco Marques
