Um episódio não nos impacta pelo que revela, mas pelo que desperta. Ultraman Omega, em seu décimo sétimo episódio, retorna com um capítulo que confronta nossas certezas sobre poder, controle e a ilusão de vitória, ao mesmo tempo em que nos lembra que a Terra guarda memórias muito mais antigas do que conseguimos compreender.
O episódio abre com um marco: a primeira vitória humana solo contra um kaiju. Mas o triunfo é interrompido quando a criatura inexplicavelmente desperta outra vez. Esse instante, tratado com precisão pela direção, cria não só tensão, mas também um incômodo palpável nos personagens, especialmente Sorato e sua equipe. É um desconforto que funciona como metáfora do uso impulsivo do poder bélico e de como sistemas armamentistas podem ultrapassar limites éticos quando usados sem reflexão.


A investigação sobre a identidade dessa nova ameaça é um dos pontos mais fortes do episódio. O kaiju ser uma criatura ancestral adiciona peso ao mistério, e o roteiro conecta essa origem ao impacto ambiental do descongelamento, um subtexto direto e muito bem construído. O episódio não precisa explicar demais para comunicar seu alerta: há coisas no passado da Terra que só despertam porque insistimos em aquecer o presente.
A luta entre Ultraman Omega e o kaiju tem boa coreografia e constrói uma sensação real de perigo. A resolução, envolvendo o vento e a remoção do kaiju para fora da Terra, é simples, mas efetiva, e traz um respiro após uma sequência carregada de urgência. Sayuki saber que Kosei controla os kaiju acrescenta mais uma peça importante ao tabuleiro. Sua fala sobre a Terra ser protegida por humanos revela sua antipatia por Omega, um conflito ainda pouco explorado, mas que o episódio posiciona com cuidado para ser desenvolvido no futuro.


Os núcleos funcionam bem, e o episódio equilibra ciência, ação e reflexões ambientais sem perder ritmo. A série continua acertando ao usar entretenimento para nos lembrar de perigos muito reais: armamento sem supervisão, mudanças climáticas, estruturas antigas reagindo ao presente.
“Mesmo quando acreditamos dominar a Terra, devemos nos lembrar que é a Terra que nos domina.”
Um capítulo forte, coeso e consciente.
Nota: 9/10

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