Há batalhas que não se travam contra monstros, mas contra os laços que tememos perder.
O décimo terceiro episódio de Ultraman Omega começa em terreno delicado: as tensões entre Ayu, Kosei e Sorato ganham novos contornos após uma descoberta que ameaça abalar a confiança entre eles. Desde os primeiros minutos, sentimos que o foco não será a ação grandiosa, mas o silêncio entre as palavras — o peso do não dito que paira sobre os protagonistas.
A narrativa escolhe seguir um caminho introspectivo, revisitando lembranças e momentos do passado. Kosei, em uma tentativa de trazer clareza, acaba transformando o episódio em um mosaico de recordações — um apanhado de recapitulações que, embora funcionem como um lembrete da jornada até aqui, também freiam o ritmo e esvaziam parte da força narrativa. O tempo gasto em relembrar o que já vivemos soa como um eco prolongado demais dentro de um episódio que poderia avançar com mais propósito.


Ainda assim, há beleza em certos detalhes: a aparição de Pigmon reacende reflexões sobre o equilíbrio da natureza e o lugar de cada ser em seu próprio habitat. São momentos que resgatam o tom mais sensível da série — aquele que transforma batalhas entre monstros em metáforas sobre convivência, responsabilidade e pertencimento.
Ayu continua sendo o coração racional da história. É por meio dela que o espectador compreende não apenas o lado científico dos kaiju, mas também a percepção humana diante do extraordinário. Sua presença amplia o olhar sobre o universo da série, lembrando-nos de que há um mundo observando o Ultraman — temendo-o, admirando-o e tentando entendê-lo.
Mesmo assim, a ausência emocional de Sorato em certos momentos pesa. Enquanto Kosei e Ayu compartilham cenas íntimas e belas, o protagonista parece pairar nas margens da própria narrativa. Há calor nas interações, mas falta o fogo que faz um trio brilhar em conjunto.



O episódio encerra-se de forma leve, com um toque de humor e uma promessa de novos rumos. No entanto, o sabor final é agridoce: há potencial, há temas poderosos, mas o excesso de retrospectiva e a falta de impulso deixam a sensação de que algo ficou pelo caminho.
Um episódio que tenta ser ponte e acaba virando pausa — bonito em partes, mas desequilibrado em ritmo e propósito.
Nota: normalmente não incluímos nos reviews explicações sobre os kaiju, se são novos ou não, mas este vale uma observação. Neste episódio aparece Pigmon, um kaiju pacífico e amigável que estreou na série Ultraman de 1966, com visual reaproveitado de Garamon, de Ultra Q (também de 1966).
Curiosamente, neste episódio o Ultraman Omega conhece Pigmon, mas não conhecia Gomora no episódio 7, outro kaiju que aparece na franquia desde 1966.
Nota final: 4/10
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